FALECEU, este domingo, Teresa Rosmaninho. A mulher que tentou proteger as mulheres da violência doméstica, ao fundar, na Invicta, o “Porto de Abrigo”, em 1994, foi vitimada por um cancro, apurou o JN.
Nascida no Porto, a 25 de Abril de 1955, tinha 56 anos. Ex-assessora do Ministério da Justiça, desenvolveu um extenso trabalho de campo na área social.
Activista dos direitos das mulheres, fundou o “Porto de Abrigo”, casa de apoio no Porto para vítimas de violência doméstica, gerido pela “Soroptimist International Porto Invicta”, de que foi a primeira presidente.
Licenciada em psicologia clínica no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), fez estudos complementares na Inglaterra, Holanda e Suíça.
Auditora de Defesa Nacional, Teresa Rosmaninho foi Técnica Superior do Ministério da Justiça e dirigiu o projecto INOVAR do Ministério da Administração Interna, destinado a melhorar o atendimento, na GNR e PSP, às vítimas de crime.
Militante do MRPP entre 1973 e 1975, Teresa Rosmaninho era militante do PS desde 2009.
25 de Setembro de 2011
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Teresa Rosmaninho, psicóloga clínica de formação, mulher de esquerda, lutadora incansável antes e depois do 25 de Abril na defesa dos direitos e da dignidade das mulheres, deixou-nos este domingo.
Doente há algum tempo, nem por isso se negou a estar presente, até ao último momento, onde a sua amizade e solidariedade eram precisas e reivindicadas. Sou testemunha de que, apesar das fraquezas, nem aí lhe faltou um sorriso e a força e o estímulo de que outros precisavam.
A mim, deu, nos últimos meses, ajuda preciosa num trabalho que ela sabia que me estava a empolgar como poucos e que ainda tenho em mãos. Prometemos um ao outro que veria o meu filho na primeira oportunidade, mas nem ela nem eu conseguimos cumprir a promessa…a tempo.
Sem a Teresa, a história das mulheres neste País seria necessariamente diferente. Para pior. Colocou na agenda a criminalização da violência doméstica e a proteção às mulheres violentadas, de diversas formas, no seu dia-a-dia.
Por isso, hoje, não são apenas as mulheres que estão de luto. Somos todos. Porque este País era melhor com ela por perto.
25 de Setembro de 2011
Por Miguel Carvalho